No dia 29 de Junho de 2003, dei
um discurso na igreja cujo assunto foi "Vencer a si mesmo". Este
discurso foi proferido um pouco antes que eu saí para servir como missionário
de tempo integral para A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Eu
recordo quando o bispo da minha ala me convidou a discusar neste assunto, eu
imediatamente pensei em falar sobre um evento em minha vida que mudou minha
trajetória completamente. Eu compartiho publicamente uma parte deste discurso
com esperança que possa ser uma influência para o bem.
Ao mesmo tempo, eu reconheço que
por compartilhar coisas muito pessoais, isso se abre a possibilidade de
escárnio e ataques de gente que não entende ou não dá valor para coisas
espirituais. Independentemente, eu espero que potenciais positivos pesem mais
que quaisquer potenciais negativos. Também, eu espero que este discurso possa
beneficiar alguém que busca por coisas melhores na vida, e especialmente, para
aqueles que têm o desejo de seguir a Jesus Cristo, mas se sentem que não estão
conseguindo como deveriam. Abaixo é a parte principal do meu discurso que
proferi naquele dia.
<<Início do discurso>>
É pela graça de Deus que vocês me
vêem neste púlpito hoje. Quando eu estava na idade entre 13 a 15 anos, eu não queria servir
missão. Eu não gostava de freqüentar a igreja. Eu não gostava de ir ao Templo,
e também eu não gostava de viver o evangelho. De fato, de bom grado eu me
rebelei contra alguns ensinamentos da igreja. Eu tive uma atitude muito
negativa com respeito desta igreja.
Durante essa época, eu cometi
muitos pecados de natureza séria. Mas por causa do meu estado interno, eu não
queria me arrepender. Eu desfrutava de meus pecados e eu não queria
sacrificá-los. Porém, meus pecados acabaram escurencendo minha alma tanto que
me tornei miserável e deprimido. Eu vivia nas próprias entranhas do inferno. Eu
até mesmo contemplei brevemente maneiras de me suicidar para que eu não tivesse
que conviver com essas dores. Eu queria deixar de existir porque meus pecados
me superaram. Eu perdi minha liberdade.
Eu não estava capaz de mudar... pelo menos não sozinho. Algo aconteceu.
Certa noite, eu estava dormindo e
sonhei. O sonho foi o seguinte: Eu estava correndo com um amigo numa calçada
que ficava ao lado da escola primária que eu freqüentava quando criança. Porque
nós estávamos correndo, cansamos e decidimos dar uma parada. Enquanto nós
descansávamos no estacionamento da escola, um homen vestido com um casaco
branco chegou. Eu perguntei a ele como ele estava, mas eu recebi uma resposta que
eu não esperava. Ele sacou uma pistola e atirou em mim várias vezes. Eu comecei
a sentir sensações de morte -- e meus olhos começaram a rolar para dentro da
cavidade ocular e minhas mãos começaram a se contorcer para dentro. Enquanto eu
estava morrendo, minha vista escureceu. A única coisa eu pude fazer foi escutar
do fundo meu amigo gritando em agonia enquanto ele levava tiros. Eu fui
assassinado brutalmente. Talvez meus desejos estavam realizados -- morrer e para
acabar com minhas dores.
Porém, isso não é o que aconteceu
exatamente. Quando eu senti essas sensações de morte, eu temia morte tanto quanto
que se, em realidade, eu iria morrer em meus pecados, eu teria morrido como uma
alma condenada. Eu sei que Deus me deu o sonho, e que Ele teve misericórdia e
amor por um rapaz confuso. Eu temi a morte tanto, que eu acordei de meu sonho
chorando. Então, eu me ajoelhei e roguei ao Pai Celestial. Eu disse a Ele que
eu sabia que o que eu estava fazendo era errado e eu necessitava a ajuda Dele para
superar meus problemas. Eu clamei a Ele em oração e O pedi para eu ter o desejo
de mudar minha vida. Pela primeira vez,
eu sinceramente orei. Apesar de ser em meu estado iníquo, Deus estava me
escutando. Eu soube. A partir daquela noite, eu tive a meta em mente de começar
o processo de arrependimento e abandonar o que eu estava fazendo de errado.
O que eu quero que a congregação
saiba é que eu não mudei de repente durante a noite. Eu ainda estava cheio de
pecado e imundície. A coisa que realmente mudou foi meus desejos.
Arrependimento foi muito, muito difícil. Diariamente eu guerreei dentro de mim
mesmo. Um lado de mim queria voltar para minhas manerias passadas, mas outro
lado de mim queria mudar e tornar limpo diante de Deus. Eu comecei a luta longa
para vencer mim mesmo. O conflito interno cresceu a cada dia que passava. Eu
fui intensamente tentado, e eu mesmo caí para trás e voltei para minha maneira
passada. Por cair de volta em pecado, Deus me ajudou mais a manter o desejo de
superar minha maneira pecadora. Eu comecei a orar mais fervorsamente. Eu comecei
a jejuar durante algumas semanas para vercer minha maneira pecadora. Porém,
mesmo com oração e jejum eu ainda falhava. Eu falhei com minha tentativa de
mudar cerca de três ou quatro vezes específicas. Eu estava começando a ficar
desanimado e perder esperança.
Enquanto eu estava me esforçando a
vencer minha maneira pecadora, eu tive a oportunidade de fazer parte de uma
"jornada dos pioneiros" com minha estaca da igreja. [Isso é reencenar
uma parte da jornada dos antigos pioneiros mórmons nos EUA]. Durante a jornada
dos pioneiros, eu senti o Espírito e amor de Deus tão fortes que isso me deu
força e determinação. Com a ajuda do Senhor, depois da jornada dos pioneiros eu
nunca falhei de novo. Eu quero enfatizar de novo à congregação que foi um longo
processo e doloroso para mudar. Deus foi muito paciente comigo. Porém, eu não
estava fora de perigo ainda.
Mesmo que passaram semanas e
meses que parei de cometer meus pecados graves, eu ainda não tinha confessado ao
bispo. A luta que eu tive com confissão foi provavelmente a mais severa do que
quebrar meus hábitos pecadores. A guerra dentro de minha alma começou de novo. Dia
após dia os meus pensamentos iriam me flagelar que eu ainda não tinha me arrependido
por completo. A guerra na minha alma se alastrou e eu orava a Deus perguntando se
eu teria ou não teria que confessar. Eu sabia que as escrituras ensinavam que temos
que confessar, mas eu pensei que minha situação fosse diferente. Meu pai foi
bispo durante esse tempos sombrios e eu estava orgulhoso demais para contar a
ele meus pecados. Eu nunca teria confessado ao meu pai se ele tivesse
permanecido como o bispo.
Dias, semanas e meses passaram. Fui
torturado com a consciência dos meus pecados de não estar arrependido
completemente. Eu encobriria meus pecados por partilhar do sacramento
indignamente e até pagar um dízimo integral. Eu economizava dinheiro para a missão
que eu não desejava fazer. Eu não queria dar para ninguém qualquer dica que eu
estava indigno e imundo. Eu não queria que ninguém soubesse como eu me sentia.
Por isso eu fingia ser um bom membro da igreja e fazer o que foi necessário
para dar tal aparência.
Outra razão para adiar confissão
foi porque quando eu orava para saber se eu precisava ou não confessar, Deus
nunca me respondeu "sim" ou "não" diretamente. Deus
respondeu as minhas orações de outra maneira. Eu só entendi a resposta dele
completamente um pouco depois dessa situação inteira. A resposta de Deus que
percebi foi assim: Por Deus não me dizer "sim" ou "não" ele
estava dizendo que a decisão de confessar seria apenas minha. Deus não
influenciava com força meu livre arbítrio em qualquer maneira para eu me arrepender.
A decisão de mudar e confessar seria apenas minha. Deus respondeu a minha
oração por dizer nada. Foi difícil para mim aceitar esse tipo de resposta, mas
eu sabia que foi eu que no final de contas decidiu meu destino.
Depois de um tempo eu tive a
oportunidade de ir para um EFY (Especialmente Para Jovens -- um acampamento da
igreja) no ano de 2000. Como a jornada dos pioneiros, o Espírito de Deus e amor
foram tão fortes na EFY que eu obtive a determinação e a força para finalmente
confessar ao bispo. Eu finalmente venci o meu orgulho o bastante suficiente para
fazer a tentativa de visitá-lo. Houve também um novo bispo nessa época, e o
nome dele foi Bispo Degen [sobrenome]. Porém, antes de marcar compromisso, eu
fui atingido com medo. Eu pensei: "Como um filho de um bispo anterior pode
confessar todos esses erros? Eu, o filho do bispo anterior, deveria ter sido um
exemplo para a ala. Mas eu provavelmente fui o pior exemplo de todos! O que o
Bispo Degen vai achar de mim? Ele vai lembrar de tudo o que eu contar a
ele!" Entretanto, apesar desses medos e tribulações, eu marquei o compromisso.
Cheguei a este ponto até agora e eu não iria voltar para trás.
Então, eu fui encontrar com o
bispo. Que experiência maravilhosa que foi! Todos os meus e pensamentos
estranhos eu tive foram dissipados. Encontrar com Bispo Degen para confessar
meus pecados foi uma das melhores coisas eu já fiz em minha vida! Eu senti um
peso grande ser tirado dos meus ombros. Confessar meus pecados fez meu
arrependimento completo e abandonar meus pecados deu minha liberdade de volta.
As vezes eu sinto que o Senhor
chamou Bispo Degen só para mim, para que eu pudesse me tornar limpo perante
Deus. Eu exorto a cada um dessa audiência que converse com o bispo sobre
quaisquer erros em sua vida de que você ainda não se arrependeu e precisa ser
resolvido com a autoridade do sacerdócio. Vença seu orgulho, vença seus medos,
vença seus apetites, e vença suas paixões. Lute a boa luta interna. É a batalha
mais reta que você pode fazer. Torne-se limpo ante de Deus! Vai valer a pena!
Eu testifico em nome de Jesus Cristo que vai valer! Eu nunca experienciei tanto
amor e alegria em minha vida até o dia que eu me arrependi de meus pecados.
É pela graça de Deus que estou
neste púlpito hoje. Eu não estaria aqui se não houvesse um Deus. Eu não estaria
aqui se não tivesse um Cristo. Eu não estaria aqui se não houvesse a Expiação.
Eu sei que estas coisas são reais. Eu testifico disso. Eu quero agradecer a
Deus publicamente por me dar aquele sonho naquela noite gloriosa. Obrigado.
Obrigado. Obrigado por me matar. Mesmo que
minha vida antiga está morta, eu tenho sido renascido através a graça do
Senhor. Ele tem me ajudado a vencer a mim mesmo.
Durante essa situação inteira,
levou mais que dois anos para eu completemente me arrepender das minha maneiras
pecadoras. Desde aquele tempo que me arrependi, eu gosto de freqüentar a igreja
e gosto de ir ao Templo. Eu quero servir missão. A decisão de servir missão foi
apenas minha. Meus pais não me forçaram, meus líderes do sacerdócio não têm me
forçado, e Deus não tem me forçado. Eu fiz a decisão sozinho. Eu devo essa
missão a Deus. Se não fosse por Ele, eu não estaria aqui.
<< Fim do discurso>>